Incêndios na Amazônia ilustram os perigos que a produção de carne representa para o desmatamento da floresta

Incêndios na Amazônia ilustram os perigos que a produção de carne representa para o desmatamento da floresta
October 6, 2019 admin

Incêndios na Amazônia ilustram os perigos que a produção de carne representa para o desmatamento da floresta

Enquanto o mundo olha horrorizado as imagens da floresta amazônica brasileira sendo consumida pelas chamas, muitos perguntam o motivo pelo qual esse importante ecossistema está pegando fogo e o que podemos fazer para reduzir situações como estas. A situação é complexa, mas há uma ação simples que podemos tomar: precisamos reduzir drasticamente nosso consumo de carne.

A maioria das pessoas já conhece bem as fazendas industriais e as crueldades que os animais inseridos nesses sistemas sofrem. Porcas confinadas em pequenas celas de gestação, galinhas adensadas lado a lado em enormes barracões, animais abatidos de maneira cruel e arcaica – vemos essas imagens de animais vivendo e morrendo na miséria e, com razão, sentimos dor e indignação. Entretanto, a agricultura industrial não prejudica apenas os animais, também prejudica o meio ambiente. É por isso que precisamos apoiar uma mudança das práticas cruéis da agricultura industrial para uma agricultura mais humanitária e sustentável.

Veja a produção de ração, por exemplo. A maioria dos aproximadamente 80 bilhões de animais criados para alimentação em todo o mundo é tipicamente alimentada com milho ou soja, e são necessárias muitas terras para o cultivo desses grãos. Um estudo constatou que a dieta padrão de um americano requer mais de 1,4 hectare de lavouras e pastagens anualmente – o que equivale a quase a área de três campos de futebol para produzir carne, ovos e laticínios para apenas uma pessoa a cada ano.

Existem muitas teorias sobre os motivos dos incêndios na Amazônia, e uma coisa é clara: a produção de carne é fator contribuinte na destruição dessa floresta tropical. Embora não possamos participar no alívio direto e na supressão do fogo, podemos ajudar com o que colocamos em nossos pratos.

Setenta por cento das terras anteriormente florestadas na Amazônia agora são usadas para a criação de gado. Grande parte do restante é usada para produzir os grãos para a fabricação de rações dos animais. Não há outro exemplo mais alarmante que esse na história de florestas primárias da Terra que estão sendo convertidas para uso humano. O Cerrado, outro importante ecossistema brasileiro, também tem sido afetado. Mais da metade desse bioma já foi convertido em agricultura, principalmente para a produção de carne e ração animal.

A três países de distância, na Costa Rica, cerca de metade das áreas de florestas tropicais desse pequeno país está sendo usada agora na produção de carne. Na África, no sudeste da Ásia e em outras partes do mundo, estamos perdendo ecossistemas ricos e diversificados devido às dietas largamente baseadas em proteína animal. Não podemos mais sustentar e deixar isso acontecer.

“O consumo de produtos alimentares de origem animal pelos humanos é uma das forças negativas mais poderosas que afetam a conservação dos ecossistemas terrestres e da diversidade biológica”, relata um estudo publicado na revista Science of the Total Environment. São muitas as perdas de habitat para animais silvestres e espécies de plantas nativas, perda de solo, poluição da água e de nutrientes e outros efeitos negativos.

A menos que nossas dietas mudem, as coisas irão pioram. Alguns países, segundo o mesmo relatório, podem requerer aumentos de até 50% na área de terra usada para a produção de carne.

Uma mudança em nossas dietas pode ter um impacto positivo substancial. E nos dias de hoje não poderia ser mais fácil adotar uma dieta ecológica baseada em vegetais. Produtos de origem vegetal, como o Impossible Burger e o Beyond Burger, estão fazendo sucesso nos menus de fast food em todo o mundo. A Humane Society of the United States (HSUS) foi um investidor inicial da Beyond Meat e não poderíamos estar mais felizes com seus sucessos. A KFC anunciou recentemente que está testando o “Beyond Fried Chicken”. Qualquer um pode encontrar leite de amêndoa ou aveia em vários cafés e supermercados. E, claro, há uma variedade diversificada de nozes, grãos, vegetais e proteínas como tofu, tempeh e carnes à base de vegetais que podem ser facilmente preparadas em casa.

Na HSUS e na Humane Society International, defendemos a premissa de que indivíduos que comem carne devem consumir proteínas animais provenientes de fazendas familiares, tradicionais e de pequena escala que adotam práticas de criação com melhores resultados de bem-estar para os animais. A situação na Amazônia é um lembrete de que todos nós -independentemente de onde estamos no espectro alimentar – devemos concordar que existe um forte argumento para comer menos carne e mais vegetais. É importante também garantir que qualquer carne (e outros produtos de origem animal) que tenhamos em nossa dieta provenha de fazendas que proporcionam uma vida melhor aos animais ao invés de fazendas industriais com práticas prejudiciais.

Inúmeras pessoas em todo o mundo estão adicionando mais alimentos à base de vegetais em suas dietas como uma maneira de ajudar a conter a destruição ambiental (sem mencionar, poupar animais de uma vida triste e, muitas vezes, miserável que por vezes ainda acaba com uma morte precedida de prováveis estresses e lesões no trajeto ao estabelecimento de abate). Seja uma refeição à base de vegetais por dia ou simplesmente consumir porções muito menores de carne, cada pouquinho ajuda. Seremos mais saudáveis, os animais serão mais felizes e a Amazônia será mais segura – para nossa geração e para as futuras.

Texto traduzido e adaptado de: A Humane World – Kitty block’s blog. Amazon wildfires illustrate dangers of deforestation for meat production. Disponível em https://blog.humanesociety.org/2019/08/amazon-wildfires-illustrate-dangers-of-deforestation-for-meat-production.html. Acesso em 04/10/2019.

Photo by JohnnyLye/iStockphoto

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